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quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Lembranças de Jarlan S. Souza


O passado é um barco que navega por todo o oceano e de vez em quando aporta no cais da nossa memória,.
eu vi 12 anos num poema,trazendo consigo a lembrança de um tempo muito bom, vivido entre o sonho e a esperança. Fazíamos o curso de Letras na Universidade Estadual de Alagoas (UNEAL), e como é comum a todas as turmas, sempre há aqueles com quem mais nos identificamos e por diversos motivos. Eu tinha o meu seleto grupinho, pessoas que estavam sempre muito próximas, e entre estas pessoas havia um muito especial. Menino bonito de olhos claros e pele naturalmente bronzeada, gostava de escrever e escrevia muito bem, como sentávamos perto e já havia uma certa afinidade, ele sempre me pedia para ler os seus textos e poemas, eu ficava fascinada com a habilidade que ele tinha com as palavras e como estas fluíam de maneira leve daquela mente jovem mas tão determinada.E o tempo passava, entre trabalhos e provas, seminários, enfim, todas as obrigações acadêmicas que tínhamos que cumprir, e assim passei algum tempo sem tempo nenhum, já não lia os poemas do meu amigo com a mesma assiduidade e, um dia ele mencionou numa conversa nossa que eu não dava mais atenção ao que ele escrevia e assim lindamente fez para mim uma linda poesia, que com a permissão dele posto aqui essa recordação tão carinhosa.

                                                   À Gildene

Não me lês mais, minha leitora?
Por que deixaste-me abandonado?
Não encanto mais a ti, pastora
Árcade, com meus versos desencantados?

Suplicar? Não te suplico, apenas,
responde-me por que foges assim.
Já não sinto nas mãos os poemas.
Só tristezas, solidão, olha pra mim.

Oh, o paradoxo barroco me acertou.
De árcade, nada, somente tentativas
furtivas de ser simples, de pastor.
Vestir-me e buscar palavras fugitivas.

Vê, não me entendo, é romântico,
É árcade, é barroco, cada verso
Um erro, a palavra, um Universo
Complexo, sem nexo semântico.

Jarlan S. Souza
03/07/2001

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